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MAJU, O STF E OS JUROS DA GERACAO MILLENIUM

 

 

           Embora difícil, admito que estou ficando velho,  e vez ou outra emito algumas opiniões e pensamentos que deixam minha filha mais velha irritada, e olha que a distância entre nossas gerações nem é tão grande assim.  Imagino a perplexidade que minhas ideias possam causar  na geração milenium, vez que é pouco receptiva aos pensamentos ortodoxos sobre os diversos temas da vida.

            Quando mais novo era comum exame de admissão para o curso secundário,  que era  dividido em normal, clássico e científico e possuía matérias em comum apenas no primeiro ano. A unificação curricular de 1972 aumentou a carga horária e inseriu um monte de matérias incongruentes na grade curricular,  desprovidas de razão que roubam  tempo precioso  dos alunos,  na maioria das vezes sem utilidade nas coisas do cotidiano.  Penso que poderiam substituir algumas tradicionais por administração financeira, sociologia para ensinar o que nos torna humanos, cursos de empatia e desenvolvimento grupal, responsabilidade coletiva e tantas outras coisas importantes.

            


              Acredito que as reformas subsequentes dos últimos quarenta anos promoveram mudanças para pior no sistema, e isso reflete o modelo de pensamento e vida  construído sob os excessos de tecnologia e informação, que acabou  por tornar-se  disfuncional e disruptivo.

            Nunca entendi muito bem a necessidade de se aprofundar em matemática no ciclo intermediário. O estudo aprofundado torna-se inócuo a quem pretende seguir a área de humanas ou biomédica.

            Para alunos da área de exatas é um tema relevante, para outros…desperdício de tempo.

  Formei em  Ciências Sociais e Administração e nunca necessitei de conhecimentos profundos em matemática na minha vida profissional.  Um pouco de matemática financeira bem  estruturada seria suficiente para minhas necessidades.

            Recentemente atendi uma cliente millenium, através do Home Office, que questionava  o lançamento em seu extrato com o título CRED JUROS. 

    Algumas coisas ainda me arrepiam. Respirei fundo.  e apesar do óbvio, informei que se tratava de credito de juros que são mensalmente creditados em sua conta que é uma poupança. Achei que tinha cumprido minha função ao explicar sua dúvida, quando ela muito brava me disse: E quem autorizou a tirar dinheiro de minha conta?

             Assistindo o Jornal Hoje pude ver  Maju apresentar pesquisa Datafolha sobre o que os brasileiros pensam a respeito do desempenho do STF, e  correlacionei o porquê chegamos onde chegamos. 


             Como advogado nunca tive processo que tramitou até o STF. Não acredito que os processos de pessoas comuns obtenham a mesma agilidade que aquela Corte dedica aos processos dos agentes políticos.

Como profissional do direito – portanto técnico -   acredito que não  tenho  condições  para julgar  o desempenho dos Ministros com profundidade, pois são operadores do direito e assessorados por equipe especializada nos assuntos constitucionais.  


 Minha percepção profissional é que a Corte tornou-se um Tribunal para privilegiados,  e embora algumas vezes não goste ou concorde com certas decisões, essas são tecnicamente fundamentadas, e proferida pela maioria dos Ministros,

 O STF não deve e nem pode ser escrutinado pela FOLHA/GLOBO, através do  DATAFOLHA. O desempenho do STF vai muito além do achismo.  Seria a mesma situação de um leigo estúpido  discutir a eficácia da Ivermectina no combate ao coronavírus. Assim a FOLHA, ao encomendar avaliação do desempenho do STF  agiu com dois pesos e duas medidas, e corre o risco de validar a opinião de alguém que,  questione o crédito de juros em sua poupança reclamando que não autorizou  SAQUE.  


 

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